Como gerir um departamento de felicidade em Portugal

A felicidade … mas afinal o que é a FELICIDADE?

Na minha opinião, a felicidade é algo muito intrínseco e pessoal. Varia de pessoa para pessoa e por isso quando queremos gerir a felicidade nas empresas, é uma variável que difere em função do número de colaboradores. Isto, porque o que deixa uma pessoa feliz pode não impactar a outra e vice-versa. Até mesmo, arrisco dizer que pode variar na própria pessoa, ou seja, o nosso estado de espírito alternar entre felicidade e infelicidade, e por isso torna o papel dos gestores de felicidade ainda mais desafiante.

Se perguntarmos a alguém. – “Queres ser Feliz?” A pessoa responde – SIM!  

Se perguntarmos, “O que te faz Feliz?”- a resposta já pode ter inúmeras variações: “saúde, dinheiro, trabalho, casa, carro, férias, família, amigos …”

A felicidade é individual e apesar de a pergunta para o artigo ser: “Como gerir um departamento de felicidade em Portugal” acredito que as empresas o que procuram não é realmente alcançar a felicidade, mas sim ter as suas pessoas bem e saudáveis. Isto, porque quando temos as pessoas bem e saudáveis (física e mentalmente) tudo é encarado de forma mais positiva e bem-disposta e consequentemente impera um ambiente de felicidade.

A forma como encaramos os desafios profissionais pode ter um resultado diferente em função da forma como recebemos os estímulos e consequentemente levar a resultados diferentes.

A palavra engagement não tem tradução direta na língua portuguesa. Quando se fala em engagement é esta a palavra assumida. Não existe uma palavra que traduza na totalidade este conceito. Porque mais que uma palavra é mesmo um conceito, uma forma de sentir. O que surge como tradução direta é compromisso, que é adotada pelo facto de que quando estamos “engaged”, estamos noivos e por isso temos um compromisso. No entanto por termos alguém comprometido connosco, não significa automaticamente que essa pessoa está engaged com a com os valores e propósito da empresa ou que existe um nível de engagement elevado. Pode estar connosco SIM, mas não comprometido. E não nos podemos iludir e descurar esta relação.

O segredo para gerir um departamento de felicidade é mesmo a escuta ativa e olhar aos nossos e o que nos “dizem”, direta ou indiretamente. Ir mantendo a relação, o “namoro” e ir valorizando os pontos fortes e trabalhando os pontos menos fortes.

Sou do tempo em que a gestão dos DRH era feita de forma mais global, ou seja, as políticas e benefícios eram pensados de forma global e muito idênticos para todos, naturalmente com algumas diferenças entre níveis e com benefícios adaptados às funções e status.

Quem era admitido, independentemente da sua idade, condição familiar, situação particular tinha acesso a um pacote de benefícios e oportunidades de acesso iguais. Depois, começaram a surgir algumas questões como: “não tenho filhos e por isso não vou usufruir do seguro para família, posso escolher outra coisa?” ou “não tenho carta de condução e por isso ter viatura não me interessa, tenho outra opção?” ou “não me interessa ir a este ginásio, posso escolher outro?” ou seja, passámos a ter quase como “cada cabeça sua sentença” e como é lógico em empresas pequenas, pode ser possível alguma gestão mais personalizada, mas em grandes empresas não era exequível. Por isso, começaram a surgir novas formas no mercado de dar resposta a estes e outros desafios – Benefícios flexíveis que podem ser individualizados pelos próprios e indo mais ao encontro da sua “felicidade” mais direta.

Por isso diria novamente, o segredo é genuinamente querer que os colaboradores estejam bem e saudáveis e para isso dedicarmos todas as nossas atenções e ações nesse sentido. Não implementar ideias que lemos por aí e achamos que as nossas pessoas vão adorar porque funcionou noutra empresa. Porque cada pessoa, dentro de uma cultura e num determinado propósito tem necessidades diferentes.

ESCUTAR e PERCEBER as nossas pessoas e se não nos dizem diretamente ou indiretamente, perguntem. Convidem a que as pessoas possam fazer parte da construção de uma cultura de felicidade e que uma vez decidido que é esse o caminho “abortar” todas ações que apenas são “maquilhagem” e assumir o que se diz e faz.

Evitar:

– tratar as pessoas como números, mas espalhar frases motivacionais pelo escritório.

– dizer que nos preocupamos com os nossos e advogar isso publicamente, mas depois, ao primeiro sinal que um dos nossos não está bem, os destratamos e não cuidamos.

– colocar uma mesa de matraquilhos, mas depois enumerar as vezes que se joga em detrimento de estar a trabalhar … e podia continuar com alguns exemplos.

Quero, com estes pequenos exemplos, dizer que importante é que entre as nossas palavras, atitudes e ações não exista um fosso. Exista sempre VERDADE, mesmo que nem sempre as notícias sejam as melhores.

Culturas de faz de conta, são culturas em que não impera “felicidade”, nem verdade, nem alegria. Mas sim desconfiança, o “diz que disse” e tristeza.

E por último deixo um pequeno conselho.

Partilho a minha “arma poderosa”. Com um sorriso e mente aberta tudo é possível. Sermos genuinamente preocupados e generosos no sentido de querer realmente a felicidade do outro. Não receando que a sua alegria ofusque a minha, mas que a alegria de todos torna o Mundo melhor e mais brilhante.

Ana Mendonça
Artigo escrito para Talent Magazine

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